sábado, 12 de janeiro de 2013

Piano Man

Piano Man ( Billy Joel)


Tristes palavras em um sábado de chuva dão uma linda canção.




It's nine o'clock on a Saturday
The regular crowd shuffles in
There's an old man sitting next to me
Making love to his tonic and gin

He says, "Son, can you play me a memory?
I'm not really sure how it goes
But it's sad and it's sweet and I knew it complete
When I wore younger man's clothes"

La la la, de de da
La la, de de da da da

Chorus:
Sing us a song, you're the piano man
Sing us a song tonight
Well, we're all in the mood for a melody
And you've got us feelin' alright

Now John at the bar is a friend of mine
He gets me my drinks for free
And he's quick with a joke or to light up your smoke
But there's someplace that he'd rather be

He says, "Bill, I believe this is killing me."
As a smile ran away from his face
"Well I'm sure that I could be a movie star
If I could get out of this place"

Oh, la la la, de de da
La la, de de da da da

Now Paul is a real estate novelist
Who never had time for a wife
And he's talkin' with Davi who's still in the navy
And probably will be for life

And the waitress is practicing politics
As a businessmen slowly get stoned
Yes, they're sharing a drink they call loneliness
But it's better than drinkin' alone

Chorus

It's a pretty good crowd for a Saturday
And the manager gives me a smile
'Cause he knows that it's me they've been comin' to see
To forget about life for a while

And the piano, sounds like a carnival
And the microphone smells like a beer
And they sit at the bar and put bread in my jar
And say, "Man, what are you doin' here?"

Oh, la la la, de de da
La la, de de da da da

Carta a Thomas Hardy

*
Caro Sr. Thomas Hardy,


Quero dizer que agora entendo, mas previamente questionei seu caráter, sua sanidade e seus motivos ao ter criado tão inocente e doce menina a quem não teve piedade de arruinar com crueldade inimaginável.


O senhor lhe deu um pai ganancioso, porém miserável. Não conheço combinação pior para se destruir a própria felicidade e a dos outros. Mas Tess ia sobrevivendo ao pai, até que o senhor a deixou ao alcance de outro homem, muito mais egoísta e vaidoso, prenúncio óbvio da tragédia que se seguiu.

Achei justo quando Tess abandonou a casa onde cresceu, e acreditei que ela seria feliz junto ao bondoso Angel, no instante em que seus caminhos coincidiram tão harmoniosamente. Mas diferentemente do presente e do amanhã, só o passado existe para todos, irremediavelmente, assim como os grandes algozes, a solidão e a morte. E o senhor a fez desejar o beijo do amor apenas para atirá-la aos dentes vorazes da vergonha e do abandono mais uma vez.


Só então, quando eu já me convencia de que o senhor não tinha mesmo um coração, pude compreender os caminhos tortuosos pelos quais sua menina precisou passar. Foi com indescritível satisfação que vi Tess finalmente ser tocada pelo Anjo do amor, o amor sublimado e perfeito. Seu Angel regressara enfim.


Nada mais do que se passou a Tess e Angel importou depois daquelas linhas em que consumaram os votos sagrados que haviam trocado quando ainda existia juventude em suas almas. Nada mais importou, e as lágrimas valiam a pena, porque o senhor purificava o Amor e nos presenteava com um dos mais belos romances da literatura inglesa, a história de Tess dos D'urbervilles. 
*

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Acordeão em Vermelho

Este texto publiquei há muito tempo, mas me sinto novamente numa fase de "Estudos em Vermelho"... e Freud nem precisa explicar!

Era apenas um homem cego que se preparava para tocar acordeão na praça, diante da escadaria do imponente Municipal. Ninguém parecia dar por ele. Chamou-me a atenção, entretanto, e me detive, aguardando que começasse. Acomodou o chapéu de boca para cima, e o acordeão apoiou sobre os joelhos. Os dedos ensaiaram titubeantes, ameaçaram encostar no teclado e finalmente se derramaram sobre ele, infernais! Extraíam-lhe música que jamais! Incomum.

Aos poucos, a praça desvanecendo, senti-me voar distante, para uma casa, talvez. A sala atapetada e vermelha, os móveis antigos. Tinha as janelas abertas, por onde se introduzia uma brisa noturna e morna.

A princípio estranhei aquele sonho em hora tão imprópria. Lembrei-me do músico de instantes antes, mas não me preocupei em demasia, era decerto um sonho. Pude então ver-me o reflexo num espelho dourado. Trajava roupas das quais não tinha memória: vestido ligeiro, rendas, ligas e meias. Uma porta se abriu, e por ela surgiu um homem. Seus olhos brilhavam, arderam sobre mim! Espírito, e não homem! Salamandra que recendia ao cinamomo e de cuja boca brotavam volúpias. Sou o Desejo, anunciou-se, e me tomou para dançar. Eu, que dantes cogitava sonhar, agora testava o delírio que inebriava. Nossos corpos, indecentes parceiros no viçoso enlace, colaram-se cadentes, iam e vinham. Ofereciam-se. Provavam-se. Engoliam-se. Assimilavam-se. Não havia limites dentro daquela sala, a não ser o da rubra música.

Mas ela cessou.

E como um tordo farto de uvas, fui devolvida à praça cinzenta. Busquei instintivamente pelo cego, mas ele também se fora. Não saberia explicar como pudera partir tão rápido, mas levara consigo a visão secreta e lasciva de que eu provara. A cidade chamou-me austera e definitiva, e despertei . No decorrer daquele dia e de todo o tempo no resto de minha vida, evitei entender o que acontecera, como fosse tudo o louco sonho que uma mulher esconde para si mesma. Às vezes, porém, jurava ouvir aquela melodia, longe, em algum lugar no profundo centro fremente, bem dentro de mim.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Niels Lyhne (antologia- parte2)

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Dance in the City, Renoir




O primeiro ano transcorreu semelhantemente ao tempo em que se enamoraram. Mas quando a vida de casados deixou de ser novidade, Lyhne não pôde mais esconder de si mesmo a falta que sentia de expressar distintamente o amor. Ele se cansara de lustrar a plumagem do romance... Nunca concebera o amor qual uma chama inquieta e eternamente desperta, que marca sua força, espalha sua luz em cada recanto da existência. O amor para ele era mais como o brilho do carvão no leito de cinzas...
Bartholine não era mais inexperiente quanto aos livros ou à vida. Conhecia-os tão bem quanto ao marido.
Ele lhe dera tudo o que possuía- e agora queria continuar distribuindo. Era impossível; ele não tinha mais nada a oferecer.
Havia um único consolo: Bartholine esperava um filho.


Bartholine há muito percebera que sua concepção sobre Lyhne fora mudando lentamente, e que ele não mais permanecia no alto pódio onde ela o colocara em seus dias de romance. [...]
Isso fez com que ela perseguisse o amor ainda mais ardentemente... Por um tempo tentou fazer com que Lyhne a acompanhasse, a despeito da resistência dele; recusava-se a aceitar aquilo de que já suspeitava; mas quando, finalmente, o fracasso de seus esforços fê-la duvidar se sua própria mente e coração realmente haviam possuído todos os tesouros que ela imaginara, subitamente ela o abandonou, tornou-se fria, silenciosa, reservada e com frequência se afastava para lamentar as ilusões perdidas.
Assim estavam as coisas entre marido e mulher quando Bertholine deu à luz. Era um menino, e eles o chamaram Niels.

(Niels Lyhne, de Jacobsen- tradução inteiramente livre e despretensiosa)



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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Niels Lyhne (antologia- parte1)

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Imagem: Young woman reading by a window, Delphin Enjolras



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[...] Ela amava poesia.
Ela vivia poemas, sonhava poemas, e punha a fé nos poemas acima de qualquer coisa neste mundo. [...]
Um belo dia um pretendente chegou até ela. O jovem Lyhne...
Ali finalmente estava alguém vindo do outro lado do mundo, alguém que vivera em grandes e distantes cidades [...], onde o ar era vibrante ao toque dos sinos, ... onde o fumo das fogueiras dos ciganos viajara sobre maciças e folhosas florestas [...].
Todas essas coisas ele lhas contou, não como se fazia nos poemas, mas de um jeito tão verdadeiro [....]. Ele também falou de pintores e de poetas... O amor o fez poético.




Bartholine estava feliz, pois seu amor possibilitou-lhe distribuir as vinte e quatro horas do dia numa cadeia de episódios românticos. Foi como um romance quando ela desceu a estrada para conhecê-lo e quando se despediram naquele dia. Foi como um romance quando, do alto da colina, sob o sol que se punha, ela lhe acenou uma última vez antes de se recolher ao pequeno e quieto aposento, estupidamente feliz, para se entregar às lembranças dele. E quando ela colocou o nome dele em suas preces matinais, ali havia romance, novamente.
[...]
Em seguida, como era de se esperar, eles estavam casados.

(Niels Lyhne, de Jacobsen- Parte 1 - tradução inteiramente livre e despretensiosa)



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domingo, 1 de janeiro de 2012

Um novo começo (sobre conselhos)

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Assim diz Rilke sabiamente sobre conselhos:

...no fundo, e justamente quanto aos assuntos mais profundos e mais importantes, estamos indizivelmente sozinhos, de modo que muita coisa precisa acontecer para que um de nós seja capaz de aconselhar ou mesmo ajudar o outro, muitos êxitos são necessários, toda uma constelação de acontecimentos tem de se alinhar para que isso dê certo alguma vez.



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Um novo começo (continuando)

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Ainda Rilke...



- Sobre o sexo:

A volúpia corporal é uma vivência dos sentidos, não difere do simples olhar ou da pura sensação de água na boca causada por uma fruta; ela é uma grande experiência, infinita, que nos é dada, um saber do mundo, a plenitude e o brilho de todo saber. Não é ruim o fato de a aceitarmos; ruim é o fato de que quase todos abusam dessa experiência e a desperdiçam, usando-a como um estímulo nos momentos cansados de sua vida, como uma distração, em vez de uma concentração para alcançar pontos mais altos.




- Sobre os amantes:

Assim, aqueles que se juntam durante as noites e se entrelaçam em uma volúpia agitada fazem um trabalho sério, reúnem doçuras, profundidade e força para a canção de algum poeta vindouro que surgirá para expressar deleites indizíveis. Eles convocam o futuro; mesmo que errem e se abracem cegamente, o futuro virá apesar de tudo ...



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