quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Labirinto, a magia adormecida

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Uma dessas madrugadas, ouvi David Bowie cantar "As The World Falls Down" e imediatamente voltei à primeira vez que assisti ao filme Labirinto, a Magia do Tempo, do qual a canção é tema.

E não é que lá estava todo meu passado novamente: a adolescente sonhadora, interpretada por Jennifer Connelly, perdida num labirinto de fantasia, em busca do príncipe enigmático, vivido pelo próprio Bowie. E mesmo incorporando uma figura perigosa e de rosto andrógino, o charme da história era esse personagem de olhar misterioso. E, claro, a catártica passagem da inocência infantil para a adolescência dos amores platônicos de todas as protagonistas (nós, meninas da geração 70, antecipando os dissabores das paixões que ainda estavam por vir, dos príncipes que partiriam nossos jovens corações...). Mas qual menina-moça não queria ser tão especial, a ponto de despertar o ciúme do homem que a cativava? E vestir-se como princesa, e dançar presa a seus braços possessivos as the world falls down...

Uma rápida pesquisada no google me levou a vídeos e centenas de comentários saudosos dos que também se deixaram envolver pela magia de um labirinto que resistiu ao tempo e ainda virou mangá.

Fãs mais dedicados criaram caprichados trailers de supostas continuações
para o filme original, revivendo o esperado romance entre Sarah (Connelly) e Jared (Bowie).

Hoje, aos 63 anos, Bowie está muito distante do encanto estético de há mais de duas décadas, mas algumas coisas definitivamente não se perdem. No caso de Labirinto, só a canção desta madrugada chegou ao fim...





(As the world falls down, de David Bowie , aqui com Jennifer Connelly em cena do filme)

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Orfandade (uma paráfrase de Adélia Prado*)

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Meu Deus, dá-me este ano de volta, antes que ele vá embora
(antes de ele levar mamãe embora)
... os seis meses do começo, pode ser?

Traz-me o carinho de todos os cuidados maternos,
O Natal de 2009, e não peço mais nada!
Um "Palmira!" confuso, errando o nome das filhas e chamando lá do quarto.
Um abraço de mãe...

"Me dá minha mãe", escreveu-Te Adélia.
Dá-me a minha também, por uma noite ...ou só o tempo de uma vela...

Acode-me nesta hora de lembrança tão doída.

Queria ser criança outra vez...
Meu Deus, meu Deus... e o meu pai... traz o meu pai?




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(*Adélia Prado e seu belíssimo"Orfandade": Meu Deus,me dá cinco anos.Me dá um pé de fedegoso com formiga preta, me dá um Natal e sua véspera, o ressonar das pessoas no quartinho. Me dá a negrinha Fia pra eu brincar, me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe. Me dá minha mãe, alegria sã e medo remediável,me dá a mão, me cura de ser grande,ó meu Deus, meu pai,meu pai.)
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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Fotografe e brinque

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Muito interessante o site photo505.com . Você não baixa programa nenhum nem preenche cadastro para editar fotos com cenários e fundos bem bolados.

No outdoor com ares noir


Basta carregar a foto sobre o fundo escolhido e o próprio site coloca a imagem no espaço pertinente. Há ideias bastante diferentes e divertidas, vale a pena tentar. Estes são apenas alguns exemplos, mas o site promete um novo pano de fundo todos os dias. E você ainda pode salvar o resultado no seu computador.

Só uma advertência: a foto carregada é visível para quem está acessando o site naquele mesmo instante que você, mas tudo rapidamente substituído pelas fotos dos próximos usuários.

Em Wall-E, num planeta distante... e abaixo,

Meu lhasa Dante e ... dois passantes anônimos...

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domingo, 26 de dezembro de 2010

Estimação

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Analu tinha oito anos,
e um velho gato
cinza esverdeado,
o Tato.

Ela adorava o bicho,
que de fato era seu melhor amigo.
Comiam no mesmo prato
e ela dormia com o gato,
assim não sobrava lugar
para os monstros debaixo da cama.

Quando ela saía para a escola,
o Tato só olhando,
ela olhava de volta,
os dois assim conversando,
e o Tato como quem sabe,
esperava na janela,
a condução branca e amarela
que lhe devolvia a menina.

Depois do almoço os dois assistiam desenho,
o Tatinho e ela prestando atenção.
Tão malandro que era o pica-pau!

Na hora da janta, a mãe já achava demais!
- Tira o Tato da mesa, filha,
qualquer dia, a gente
come o Tato sem querer!

Quando acabava a sobremesa,
Analu esticava a noite,
até o sono pousar nos olhos.

E enquanto a mãe a levava para a cama,
ela perguntava:
O Tato tá vindo, mãe?
O Tato estava.

E assim iam passando
os muitos dias do Tato
e da menina Analu.

Mas certa feita tudo mudou,
quando ela trouxe para casa
a lembrança de um tal garoto.
O Tato chamou para brincar,
mas ela queria
ficar sozinha.

-A comida está na mesa, filha!
Olha que assim esfria...
Mas nem fome ela sentia.
Fechava a porta do quarto,
e o gato dormia na cozinha.

Foi então que o Tato entendeu,
porque era sábio e vivido.
Que as crianças de estimação
um dia vão crescer
e partir o coração da gente

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domingo, 19 de dezembro de 2010

meu pedido de Natal...

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Como pode a gente se apegar tanto a outra criaturinha em apenas 3 dias...
Parece que na vida da gente ela sempre existiu e por isso mesmo, quando tem de ir embora, não por traição, nem sequer por escolha, faz uma falta danada e dá um nó horrível na garganta...
Bea está para adoção... tomara que encontre quem a ame muito mais...

...este é hoje o meu pedido de Natal...
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Natau-au-au

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Entra ano, sai ano e muita coisa muda. Outras tantas permanecem do mesmo jeitinho. Aqui estou eu, mais um ano, às voltas com cães outra vez.


Agora é essa cadelinha aí na foto. Eu a encontrei perto do aeroporto, andando de coleira sem ligar para a imensidão de carros que desviavam dela.
Estava na cara que se perdera, ou, pior, fora abandonada.


Resultado: trouxe-a para casa, espalhei cartazes de “encontrada” e agora preciso de alguém que queira abrigá-la até que seja adotada ou que queira adotá-la.


Ela é vira-latinha, provavelmente cruzamento de fox paulistinha, fêmea, porte pequeno (não chega a 5 quilos) e não cresce mais, segundo o veterinário que a atendeu, vacinou e vermifugou.


Como é Natal, caso conheçam alguém que precise de uma dócil companheira, obediente, mas muito carente, repassem esta mensagem para que ela possa encontrar um lar.


Abraços a todos... e Feliz Natal!
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domingo, 28 de novembro de 2010

Além de tudo o mais que a gente quiser...

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Era uma vez a primeira página de uma história ...

e nela, surgiu uma densa, densa floresta...
Bem no centro da floresta, havia uma clareira...

E no centro da clareira, um diminuto grão de areia...


Mas, no meio do grão de areia...
... no meio do grão de areia...

existiam milhões de flocos de gelo...


E vivendo no floco mais lindo, e pequenino, e perfeito e brilhante,
estava um sonho.


No sonho habitava uma menina, que todas as noites, antes de dormir,

ouvia de sua mãe uma história...
... a que de todas ela mais gostava...



...a que começava em uma densa, densa floresta, em cujo centro havia uma clareira, que abrigava um certo grão de areia com muitos floquinhos de neve...


É que bem dentro de uma luzente partícula gelada, repousava um sonho lindo, onde vivia uma menininha, tão parecidinha com ela, numa caminha igualzinha a dela, cuja mãezinha contava histórias até o sono chegar. E nesse contar havia uma esperança, que era da menininha e da mãezinha também...


E a esperança sussurrava que história nenhuma morre, só repousa tranqüila na densa floresta ou no minúsculo sonho de alguém.
E que sempre pode recomeçar, para continuar ainda mais além...

além da floresta, onde havia uma clareira, que abrigava um incrível grão de areia, permeado de flocos de neve, onde vivia um sonho, povoado de menina, de esperança e de
tudo o mais que a gente quiser.

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Retrato do Brasil

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E a aluna Greyce Tostes fez esta colagem muito criativa para responder à proposta de criação do "Retrato do Brasil". Adorei!
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O deputado do povo abestado !

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Meus alunos de comunicação e expressão do curso tecnológico da Unisa criaram esta charge e achei-a muito interessante. Posto-a aqui, com agradecimentos a Bruna, Lydiane, Rosangela, Pedro e Fernanda, que autorizaram a publicação. O intertexto com "O pensador", de Rodin, foi uma excelente tirada.
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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quem era ela...

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Minha mãe faleceu no dia 13 de outubro. Muitas pessoas foram se despedir dessa mulher fantástica, forte e acolhedora, justa e doce. Todos tinham histórias para contar, pedaços de vida que tão bem disseram quem ela foi. Aqui, um texto que escrevi em meu quase esquecido ex-blog, uma homenagem de alguns anos, uma homenagem tão pequenininha para alguém tão grande...



Aos falangistas, as ovelhas!
27/12/2007


Era costume na época e nos isolados campos asturianos, e mamãe então com 12 anos levava as ovelhas ao pasto, no alto de uma montanha para que comessem e passassem o dia. Inúmeras vezes acabava adormecendo sob a sombra de alguma árvore e não foram poucas as ocasiões em que teve de sair atrás de uma ovelha fujona. Normalmente as perseguia ferozmente com um pedaço de pau que, certa vez, atirado para fazer parar a uma fugitiva, acabou quebrando a pata do animal, tendo este de ser sacrificado. Eram tempos de soluções práticas. O que estava por acontecer a ela confirmaria essa necessidade.

Como ficasse todo o dia fora de casa, Oliva sempre levava bastante comida consigo. Certa vez foi acordada com ruídos estranhos, vozes masculinas abafadas que pareciam chamar-lhe pelo nome.

Mal pôde acreditar no que viu em seguida. Homens sujos, barbados, saíam do subsolo e seguiam em sua direção.

Antes de qualquer reação da menina, um deles apressou-se em acalmá-la e se identificar. Não lhe fariam mal. Ele era filho de uma família vizinha à dela. Estava, com um grupo de outros rapazes, escondido dos falangistas nas montanhas há vários meses. Tinham fome.

Na época, os falangistas entravam nas casas e perseguiam os que se opunham ao Generalíssimo Franco. Como não queriam ver seus filhos mortos, e alguns não compartilhavam das idéias do general, muitos se escondiam para que não serem levados presos ou incorporados à falange.

O almoço de minha mãe virou uma anelada refeição para os fugitivos das montanhas, que agradeceram, despediram-se e voltaram a ser engolidos pela terra.

Com a fome apertada, minha mãe voltou mais cedo do que de costume para sua casa. Não se arrependera de tê-los ajudado. Seu próprio irmão era um foragido, e a família temia que estivesse passando frio e fome, ou coisa pior.

Em casa, outra surpresa, agora mais assustadora. Havia um grupo falangista em busca de meu tio José Maria. Um deles pareceu curioso sobre a volta adiantada da menina. Por que ela voltara tão cedo com as ovelhas? Ela culpou à fome que sentia. Não satisfeito, o homem quis saber se ela não tinha levado comida, e frente à constatação da garota de que ficara sem seu almoço, perguntou o motivo. Ela rapidamente lhe apontou os culpados, ou melhor, as culpadas. “Enquanto eu dormia, as ovelhas comeram toda a minha comida! E vê que cara de boazinhas têm? Olhando assim a gente nem diz que são esses demônios!”

Talvez convencido pela naturalidade com que recebera as respostas da jovem e após rápida revista da casa, sem fazer mais perguntas, o grupo partiu.

Mamãe contou então a verdade aos pais. Minha avó não escondeu a preocupação e advertiu a filha do perigo que correra, não tanto nas montanhas, mas em casa. O perigo estava no fato de que ela não se intimidara diante dos falangistas. Mesmo assim Doña Visitación não tocou mais no assunto e tampouco brigou com a filha, voltando de imediato às tarefas que deixara por fazer.

No fundo, meus avós estavam orgulhosos. Minha mãe teve certeza disso quando o pai a abraçou e falou baixinho, com uma voz embargada da que ela se recorda até hoje: “Lo hiciste todo bien, hija mia”.

(Até onde se sabe, os fugitivos das montanhas ainda conseguiram se esconder da falange por algum tempo. O irmão de minha mãe nunca regressou à casa dos pais.)

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(José Maria e Palmira, os irmãos mais velhos e mamãe, a caçula)


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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Mundo mundo vasto mundo


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Eram três irmãos:
Raimundo,
Mundo
e Mundinho
Encontrei-os ao pé da estrada
Descalços e empoeirados

- Bom dia, meninos!
- Dia- responderam-me os três.
- Conhecem a região?
- Éssaqui?
- É... que lugar é este?
- É o Azarão... A gente mora lá imbaxo.
- E vocês sabem onde fica a cidade mais próxima?
- Longe...
- E por esta estrada se chega lá?
- Eu não.- adiantou-se Mundo, o mais risonho e falastrão, de caracoizinhos por cabelo.
- Chega sim sinhô, larga mão de sê tonto, Mundo, que o moço num tá perguntano d'ocê.
- Que é isso, não tem problema! Vocês nunca foram até a cidade?
- Eu já- orgulhou-se o mais velho. Chamava-se Raimundo.- O Mundo é que num foi.
- Eu quase fui- retomou Mundo, frisando o "quase" em sua defesa.
- Como, quase?- perguntei achando graça.
- É qui a gente ia ino, o Raimundo, eu, o Mundinho e mais a mãe. Só qui ela ficô duente...
- E agora está melhor?
- Quem?
- A mãe de vocês.
- Ah, ela? Ela morreu. Gripô feio e num tinha remeudio. Depois o pai levô el'imbora pro lugar dos morto.
- Sei. E ele está por aqui?
- Não, foi viajá cá charrete e as coisa da mãe...
- Mas vocês ficaram sozinhos, então?
- A gente si tem, ingual a mãe mandô: anda sempre junto e cuida um do outro. Qui nem depois quano o Mundinho fico cu'a gripe... A gente cuidô dele.
- Que bom você sarou, não é Mundinho?- perguntei voltando-me ao menorzinho, que se mostrara menos comunicativo.
- Di que o sinhô tá falano?- quis saber o mais velho, olhando-me desconfiado.
- Como assim, Raimundo?
- É qui o Mundinho morreu.

(escrito em junho/08)
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De cacos e vidros

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Ela devia ter uns trinta e cinco, quarenta e poucos anos. Ninguém suspeitava de nada, na ocasião.
- Mentira! São todos mentirosos!- gritou ela do telhado da mansão de três andares.
- Desce daí, Silvia, que os vizinhos vão chamar a polícia.
Ela deu de ombros. Pois que viesse o exército! Estava cansada! Fingir um sorriso no rosto só por educação. Às favas com os modos! E ele! Nem emoção soltava na voz quando chamava o nome dela? Pois que viessem todos! A imprensa, o grupo de elite, o mundo inteiro! Aquela noite, Silvia queria confusão.

Nunca antes fora assim, sabe, é bom que se faça este parênteses, Silvia crescera sob todas as regras de bom parecer. Comportava-se como uma dama, estudara, sabia três idiomas e era respeitada no meio profissional. Mas acima de tudo, como tinha um marido fiel. Abandonou a carreira por esse homem ao descobrir que a empregada não dava a devida atenção às camisas do esposo. Naturalmente se deixa um emprego sem sentido, quando mais vale um marido fiel. O marido dissera que um filho atrapalharia a liberdade do casal, e, para ser boa companheira, Silvia se esqueceu do sonho de ser mãe, atropelou a criança em seu coração. Mas tinha um marido fiel e repetia isso para todas as amigas. Quando brigavam, porque Silvia teimava fazer birra de mulher mimada, era só ele derreter um silvinha, e ela calava a bagunça no peito, para ouvir o maridão, afinal, não existia outro igual de tão fiel.

Certa feita, porém, um telefonema anônimo descobrira para Silvia as amantes do marido, todas assim, de uma vez. Da família dele, uma prima; do escritório, a secretária; da academia, a professora de alongamento; até do futebol, tinha uma tal que cuidava das chaves do vestiário, vulgo Marcão, para ela não desconfiar.Quanto clichê, de repente, para a Silvia lidar em sua desilusão.

O carro de bombeiros chegou acompanhado da rede de tevê local. Ao vivo transmitiram a história triste da mulher histérica e desregulada que tentava se matar. Um psiquiatra foi chamado para explicar ao espectador algo sobre os devastadores efeitos da depressão e do estresse, mas veio do marido a melhor declaração:

- Deseja dizer algo a sua esposa? O capitão deu a ela um celular para ela conversar com o senhor- disse o repórter estendendo-lhe um aparelho móvel.

- Desce daí, olha só que vergonha! Deixa de drama, Silvia, que você vai me estragar o telhado...

Só então Silvia notou que o telhado sobre sua vida era feito de vidro. E sorriu lá de cima, reconhecendo os cacos irreconciliáveis. Eram ela: olhos, sonhos, coração... eram ela os pedaços espalhados pelo chão...
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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Campanha pela economia de água


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Acho que foi a Sabesp quem lançou um concurso para criação de campanha para economia de água. Os candidatos devem produzir um vídeo de 1 minuto sobre a água. Objetivo: conscientizar sobre a importância da mesma. Não sei fazer vídeos, mas imaginei como seria o meu, se eu pudesse filmá-lo...

Debaixo de um sol danado de rachar, homem magro faz jogging em pista de asfalto. O homem está suado. Parece cansado e sente a boca seca. Ao acabar a corrida, vê-se o mesmo homem chegando em casa. Desliga o MP3, tira os fones de ouvido. Está na cozinha. Abre o armário, pega um copo de vidro. Abre a torneira. Enche o copo e.... bebe areia.

(corta para o banheiro)

Nosso personagem (vestindo paletó), tira a gravata, a camisa suja. Olha-se no espelho. Sorri. Abre o chuveiro. Nada. Nem areia, nem água, nem nada. O homem banha-se no vazio. E parece feliz.
(corta)

Do lado de fora da casa, com uma toalha no pescoço, o homem encara o sol. Checa um termômetro: 40 º C. A câmera mostra a beira de uma piscina. Há cadeiras brancas, guarda-sóis e o ambiente é convidativo. O homem, que veste pés-de-pato, óculos de mergulho e tem uma bóia ao redor da cintura, atira a toalha em uma das cadeiras. Faz um rápido alongamento e se prepara para mergulhar. Salta. Nem uma gota d’água espirra. A câmera mostra o homem se levantando do fundo vazio da piscina. O soalho todo rachado. O homem se levanta e olha para cima com as mãos na cintura... Coça a cabeça. O que haveria de errado?

(corta)

Com essa cena de pano de fundo, (o homem tentando descobrir como sair da piscina alta e vazia), escreve-se: “Água...um dia ela ainda vai acabar.”

Outra cena, sobre água cristalina de fundo: “Faça sua parte para que esse dia demore a chegar”. “Economize água. Salve sua vida.”

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Chuva... o que é isso mesmo?

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Não chove... posso culpar a Climatempo?
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Gente, e agora que não chove?
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O ar anda seco, nosso nariz se ressente, a garganta nem reclama mais, porque da umidade depende a voz. E vamos seguido, termômetros em alta
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por onde anda a água?
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Comprei um umidificador, porque minha mãe precisa respirar. Em 24 horas, o aumento do produto foi de R$ 20,00. Claro, há outras mães e outros filhos com o mesmo desespero por umidade do ar, e o comércio, nada bobo, sabe disso.
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Próximo à estação Metrô Conceição, os umidificadores estão a R$ 119,99 (em até 3 vezes!). E não é que são bons? Vale a pena, afinal...
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Não tem preço (para quem tem dinheiro) o direito de melhor viver!
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Desculpem as frases sequinhas... sabem como é... culpa da baixa umidade e da previsão de 0mm (zero, zero, ZERO!!!! milímetro) de chuva nosssssss próximossssss diassssssss.
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Licença, que vou tomar um copo d’água.
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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Rapidinhas 1


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Meu tão abandonado blog. Estou cogitando visitá-lo com mais frequência. Agora que o curso terminou, e a vontade de escrever com vista em publicações adormeceu, penso enchê-lo de bobagens, passatempos, desabafos, confissões, encanações, dúvidas, perguntas e respostas... enfim, devia mudar seu nome para Indaga & ações, mas conservo-o como está em respeito a nossa história passada.

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Deixe-me ver: hoje serão 7 rapidinhas aleatórias sobre a última semana



1. Viciei-me na sinceridade de um Urso e seu blog. Acho que a vida seria um tanto mais fácil se todos dissessem o que pensam.

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2. Assisti “Fúria de Titãs”- Meus deuses! Que barulheira! Saí quase surda do cinema e, se me perguntarem, lembraria bem pouco do enredo se não fosse a referência da antiga versão. O que valeu do filme? Bem, eu estava em muito boa companhia no cinema! Isso já valeu tudo!

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3. Não valeu os 56 reais pagos a contragosto, mas a revisão veicular não é o bicho de 7 cabeças que imaginei. Tudo rápido, indolor e organizado. Só queria saber para onde vai o dinheiro gasto pela enorme frota paulistana...

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        4. Por falar na capital da garoa, Richard Marx fará show dia 12/06 na Via Funchal. Creio que seria uma excelente experiência ouvi-lo pessoalmente. É meio salgadinho, entretanto... YouTube - Richard Marx - Now And Forever (Video Version)

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        5. Salgadinha e saborosa, a pizzaria 1900 monta pizzas com até 3 sabores diferentes. Só descobri agora essa boa pedida para os mais curiosos ou indecisos.

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        6. Nada de indecisão. Só ativa, energizada, feliz! Assim tenho me sentido após as aulas de hidroginástica na academia. As professoras são animadíssimas, a turma que faz aula é muito simpática, e a academia tem uma excelente infra-estrutura. Estou adorando.

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        7. Por falar em adorando... “Adoro”, boa música... O que vocês acham?



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        domingo, 23 de maio de 2010

        (A) maré...

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        As pessoas diziam

        "vai seguindo com a maré"

        e assim eu me acreditava...


        Mas quando estava com ele

        me sentia tão imensa...

        que depois,

        do beijo azul,

        a dizer despedidas,

        so me restava este ser vazio,

        sem fôlego,

        sem ar ao redor

        que puxar pra dentro,


        solitária como o peixe

        abandonada pelo oceano inteiro.




        Amo?... Amo?

        É possível, quem sabe?

        Se tantos me advertiram:

        "cuidado"!

        Mas eu me garantia,

        -sou forte, sou única- dizia!


        Veem como termino agora?

        Pobre menina, esqueçam-se dela

        Pobre menina, não vale a pena,

        nem o espaço ou a rima

        não vale nada,

        não, nada vale,

        nem um impuro poema,

        a menina que se enamora...


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        quinta-feira, 1 de abril de 2010

        Luas na feira

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        Vendiam-se luas na feira do meio-dia. Estavam maduras, gordinhas, luzentes. Havia sóis também, se essa fosse a preferência do freguês. E as estrelas! Apinhadinhas na bacia, convidavam a uma beliscada. “Pode provar, patroa! Essa é da boa!”. E custava pouco levar para casa uma constelação.

        Mas a menina perguntava e ninguém sabia se tinha. “Havia um senhor que dizia vendê-los, mas agora já não vem mais a esta feira!”, explicava-lhe o feirante português enquanto enfeitava meteoros e cometas numa cestinha de vime.

        Não tinha mesmo jeito! Procurara-o em tantos lugares e acabava-se a esperança. Muitos nãos, alguns olhares de quem vai ficar devendo, mas nenhuma pessoa jamais vira o par de olhos negros que ela tanto buscava.

        - Era para fazer sonho- lamentou uma última vez a menina antes de virar as costas e sumir por entre as barracas de supernovas...
        *

        segunda-feira, 15 de março de 2010

        (aquele seu poema)


        (a M.)

        Hoje vou pedir licença
        para adivinhar você

        Assim o vejo,
        estrela forte
        e imensa,
        astro de infinita grandeza

        E, se olho para mim,
        sou pequena,
        céu apenas
        de um único planeta

        Porém as astrais conjunções
        permitem-me sonhar...

        Se o seu sol tão oriental brilhasse
        por um instante no céu que eu pautei,
        e esse imperador fluísse,
        através do azul que há em mim

        Então, só nesse dia,
        tudo o que eu não contei ainda
        iria fazendo sentido
        misturando voz e poesia
        inspirada em sua luz

        E chegaríamos ao solo continente
        em verso uno, em uma história,
        monóstico que assim diria:
        "Quem decifra e quem devora"?
        *
        Olga
        *