sexta-feira, 10 de julho de 2009

Procura-se um poema

*
Lembro-me desse livro, capa verde, cabia na palma da mão. Mas o que escondia em suas páginas seria capaz de povoar do mundo inteiro a existência. Infelizmente não tenho mais o livro. Emprestei-o para nunca mais....
Havia poemas diversos, era uma antologia da poesia brasileira, os mais belos poemas, devo dizer. Um deles, As Três Irmãs, de Luis Delfino, é o objeto do meu desejo. Só encontro trechos, na verdade os mesmos, em livros e sites, mas queria ler novamente, na íntegra, a história do amor de um homem por três irmãs. Ele as ama de maneiras diferentes, a uma como filha, a outra como irmã, e à teceira, como mulher. O poema imagina situações que o eu-lírico vivenciaria com todas elas: o casamento e a morte, por exemplo. Abaixo seguem trechos do poema, pescados no mar imenso da web. Caso alguém tenha outros trechos, um verso que seja, peço humildemente que mos indique, pois estou, há muitos anos, à procura de um único poema...

As três irmãs

“Se a segunda casasse, eu mesmo iria a
igreja,
Levá-la pela mão:
Dir-lhe-ia: O céu azul virar-te aos pés
deseja
O meu amor de irmão.
[...]
Se a terceira morresse, em seu caixão
deitada,
Sem que eu chorasse, iria,
Porque noutro caixão, ó minha morta
amada.
Alguém te seguiria...”

Luís Delfino
*

4 comentários:

Gαby Oliveirα!* =)) disse...

Nossa Prô, esse pedaço já é lindo. Imagina lê-lo inteiro?!
É realmente por esse motivo que minha mãe não empresta os livros dela. rs. Livros são assim, raramente voltam. Adorei o post.
Saudades Prô.
Beijo enorme.

Betty blue disse...

Olá! há bastante tempo que procuro na net justamente As Três Irmãs, de Luis Delfino. Hoje encontrei este blog. Minha mãe lembra apenas uma parte dele, pois costumava recitá-lo na sua juventude. Ficamos assim, que o encontrar informa o outro, ok? Um abraço. Betty

Anônimo disse...

As três irmãs
A mais moça das tres, a mais ardente e viva,Aquela que mais brilha,Quando, sorrindo, aos seus encantos nos cativa,Eu amo como filha.
A segunda, que tem da pálida açucenaAberta, de manhã,A cor, o cheiro, a forma, a languidez serena,Eu amo como irmã.
A outra é a mulher, que me enleia, e fascina,É a mulher que eu chamo.Entre todas gentil; é a mulher divina,É a mulher que eu amo.
A mais moça das tres é linda borboleta;Entra, abre as asas, sai:Não compreende bem, não nega, nem rejeitaO meu amor de pai.
A segunda é a flor de essência melindrosa. De rara perfeição; Não sei se ela desdenha, ou se ela entende, e gozaO meu amor de irmão.
A terceira é a mulher: anjo, monstro, hidra, esfinge,Encanto, sedução;Amo-a; não a conheço: é verdadeira, ou finge? Não a conheço, não.
Se a primeira casasse, oh! que alegria a minha!Eu lhe diria: Vai!Veria nela um anjo, um astro, uma rainha. O meu amor de pai.
Se a segunda casasse, eu mesmo iria à igreja, levá-la pela mão: Dir-lhe-ia: o céu azul virar-te aos pés desejaO meu amor de irmão.
Se a terceira casasse, oh! minha inf'elicidade!A mais velha das tres,No horror da escuridão, fora uma eternidade. A minha viuvez.
Se a primeira morresse, oh! como eu choraria. A minha desventura!Com lágrimas de dor lavara, noite e dia,A sua sepultura.
Se a segunda morresse, oh! transe amargurado!Eu choraria tanto.Que ela iria boiando, em seu caixão doirado,Nas águas do meu pranto.
Se a terceira morresse, em seu caixão deitada,Sem que eu chorasse, iria,Porque noutro caixão, ó minha morta amada. Alguém te seguiria...
Luis Delfino

Luiz Delfino de Bittencourt Miranda disse...

Apesar do correr do tempo... tenho todo este poema, inclusive, Obras completas do autor. Se ainda interessar, entre em contato:
delfinomiranda@gmail.com