Em uma belíssima antologia, infelizmente fora de catálogo, deparei-me com o trecho abaixo. Lógico, busquei o clássico de Dickens o mais rápido possível e, imaginem! Amor à primeira linha! Espero que gostem...
Durante todo esse tempo, eu continuava amando Dora, com mais força do que nunca. Sua imagem era meu refúgio nos desapontamentos e angústias, e compensou em parte, para mim, até mesmo a perda de meu amigo. Quanto mais eu me apiedava de mim mesmo, ou me compadecia dos outros, mais buscava consolo na imagem de Dora. Quanto maior o acúmulo de enganos e problemas no mundo, mais brilhante e mais pura reluzia a estrela de Dora, alta acima do mundo. Acho que eu não tinha uma idéia definida do lugar de onde Dora tinha vindo ou em que grau ela estava relacionada a uma ordem mais alta do ser, mas tenho certeza de que repeliria com indignação e desprezo a noção de ela ser simplesmente humana, como qualquer outra moça.
Se é que posso me expressar assim, estava impregnado de Dora. Não apenas perdidamente apaixonado por ela, mas embebido dela até os ossos. Metaforicamente falando, seria possível sugar de mim uma quantidade de amor suficiente para afogar uma pessoa; e, no entanto, permaneceria o bastante dentro de mim para permear minha existência inteira.
Se é que posso me expressar assim, estava impregnado de Dora. Não apenas perdidamente apaixonado por ela, mas embebido dela até os ossos. Metaforicamente falando, seria possível sugar de mim uma quantidade de amor suficiente para afogar uma pessoa; e, no entanto, permaneceria o bastante dentro de mim para permear minha existência inteira.
(David Copperfield, Charles Dickens, 1812-1870. Imagem: Sir Frank Dicksee)
Cena da adaptação produzida pela BBC: David Copperfield- David C. conhece Dora Spenlow
Um comentário:
Que delicia ver esse trecho de filme e a frescura inocente do casal central.
Tal como o jovem Coperfield, somos cativos e escravos do seu estilo, sinônimo de bom gosto, Olga. Virei sempre aqui, neste seu novo blog.
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