Ora, direis, ouvi-lo!
(Um exercício de Interlocutor Pressentido)
(Um exercício de Interlocutor Pressentido)
Escrevo: "Quando saiu o sol". Clichê, mesmo, né? Que tal... "No instante em que a manhã de verão despertou"... Não ficou bom ainda? Sei... uma sugestão é sempre bom, sim,
Ao vir do sol ?
É...tipo assim, passável, né. Aceito pra não te contrariar. Não estou sendo irônica, uma sugestãozinha é legal, quando a gente pede, claro. Não!!, mas você é de casa, pode sugerir à vontade. Prosseguindo...
Ao vir do sol "teus olhos calmos e macios iluminaram meu coração escuro e frio" e... Hum? Como, com cara de cartão de namorados? Mas que exagero! Não acho não, a gente não tá mais no século passado! Nem, ih, ó, tô ficando nada!...
Ai, vai, sugere....
Ao vir do sol
O teu olhar sereno e brando
Entra-me o peito, como um largo rio
De ondas de ouro e de luz, límpido, entrando
O ermo de um bosque tenebroso e frio
O teu olhar sereno e brando
Entra-me o peito, como um largo rio
De ondas de ouro e de luz, límpido, entrando
O ermo de um bosque tenebroso e frio
Humpf, não vejo diferença. Um pouco mais elaborado, talvez...Você parece mais um engenheiro fazendo uma ponte que um homem me ajudando num poema. Você inveja quem quando escreve? Ouvires? Ourives! Fala mais alto, pombas! Não, não fala nada, deixa eu continuar: "e o amor de verdade, que chegou como um relâmpago, aprisionei dentro de mim, nunca contei para viv'alma o que senti e"... Ai! Foi o viv'alma não foi? Não, não me incomodo, enxuga essa lágrima aí no canto do teu olho... é, chorou de tanto rir!
Desembucha, anda!
Ao vir do sol
O teu olhar sereno e brando
Entra-me o peito, como um largo rio
De ondas de ouro e de luz, límpido, entrando
O ermo de um bosque tenebroso e frio
No relâmpago breve com que veio
O verdadeiro amor, honra e desgraça,
Gozo ou suplício, no íntimo fechei-o*
..humpf, bem seis por meia dúzia! Acho, sim! Eu é que feri teu orgulho? Feriste-me primeiro! Ah, pelo menos quando me ofendo você acha que falei bonito!
Er...bonito, mesmo, ou você diz isso só pra eu te deixar ficar aqui enquanto escrevo? Ah, viu, como eu sei fazer poesia quando eu quero. Não, fofo, não comecei a querer só agora! Em frente... minha vez: "Seu amor aprisionei, e você me implorou para deixar ele voar, com tanta aflição fiquei, que abri meu peito para você partir"! Tá, não olha com essa cara pálida, não, já tô aqui, ó ,béquispeice. Vai, dita! Só dita, não precisa soletrar, engraçadinho! Humor de sapo aguado esse seu, né? "Sapo aguado", sa-po-a-gua-do, essas palavras te arrepiam? Será, por que hem? É, todo aí metido a ser celebridade, estrela... Ficou nervosinho? Perdeu o senso, é?
Como assim, se eu já amei? Claro que eu já amei, nada a ver... por quê? Ah...de novo essa história de que só quem ama entende estrelas... Tá certo, amargo amigo, vam'em frente que o tempo ur...ur... Urge!, obrigada!
...
*Os poucos trechos que prestam neste texto foram escritos por Olavo Bilac (e este último esclarecimento foi a pedido dele mesmo, tendo a autora se sentido bastante contrariada!)
Um comentário:
Bem que eu digo, escrever só mesmo sozinha! A gente tem que correr o risco de errar ou acertar muito. Neste caso, você acertou na mosca e mostrou seu talento nesse texto de interlocutor presumido (e chato)...rsrs
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