Gorjeio de amor (romântico título, gentilmente sugerido pela colega Laura Fuentes!)
Linda noite, limpa. O garoto fitou a Lua imensa. Do alto ela veria tudo, deduziu. Juntou as mãos na frente do rosto, respirou fundo olhando para ela e rezou "Lua, se vir por aí Canarinho que me fugiu, peça que venha se despedir. Não fez bem voar deixando a gaiola vazia, comida posta e água fresquinha. Mamãe disse que é assim também com os filhos, que um dia sairão de casa sem dizer para onde, os ingratos. Mas não eu ! respondi inconformado. Não entendo , Lua do Céu, se a gente brincava e ele cantava, por que é que um dia ele achou de ir embora? Peça que volte meu pássaro cantor... sou tão infeliz sem ele".
Tomada de pena, a Lua, que conhecia aquele mesmo pesar- parira estrelas, meninas inconstantes- buscou entre florestas, campos e estradas, sussurrou ao Vento,que invocou a Luz para ajudar. Mas nada, nada de Canarinho aparecer. Então o Solo, porque ouvira falar da busca, chamou por uma Semente crescida para que contasse ao Lago, que por sua vez avisou as Nuvens, que esperaram para dizer à Noite que o canário não fugira. Repousava em segredo nas entranhas da terra, já sem cantar. Não fora ingratidão, não fora tristeza que o fizeram partir. Deixara o menino porque sua vida chegara ao fim.
A pálida Lua não pôde contar essa história ao pequeno que já muito sofria. Então, quando em outra noite ele apareceu à janela , a Lua inventou:
"Menino, carinho meu, descobri do canário e das paragens por onde descansa. Pediu-lhe desculpas por não ter dito que num sonho se vai longe. É que sem perceber, dormindo, afastou-se deste lar, mas vive em outro feliz e até fez família por lá. Se quiser muito, ele volta. Deixa filhotes e ninho e por amar tanto este menino, não se importaria de voltar."
E o menino sorriu pensando em seu amigo, que vivera aprisionado e agora era contente.
"Não, senhora Lua, diga-lhe que fique, não há o que perdoar. Senti saudades, mas agora entendo; senti raiva, e me envergonho. Esse pássaro não me pertencia. Era do mundo e eu não sabia. Tinha sua própria história a viver. Mande-lhe apenas mais um recado, sem querer abusar. Que seja feliz, como eu fui quando me ensinou a cantar."
Dizem que a Lua ainda estremece ao recordar, porque naquele instante, de dentro da terra dormente, ergueu-se um trinado de dor. Não era a morte, era a vida, que respondia ao menino, no seu gorjeio de amor.
(*Aceito sugestões. Na verdade, preciso delas, porque o que me saiu, "O Menino a Lua e o Canarinho", pareceu-me assustadoramente pobre; pobre de marré, marré, marré...)
Tomada de pena, a Lua, que conhecia aquele mesmo pesar- parira estrelas, meninas inconstantes- buscou entre florestas, campos e estradas, sussurrou ao Vento,que invocou a Luz para ajudar. Mas nada, nada de Canarinho aparecer. Então o Solo, porque ouvira falar da busca, chamou por uma Semente crescida para que contasse ao Lago, que por sua vez avisou as Nuvens, que esperaram para dizer à Noite que o canário não fugira. Repousava em segredo nas entranhas da terra, já sem cantar. Não fora ingratidão, não fora tristeza que o fizeram partir. Deixara o menino porque sua vida chegara ao fim.
A pálida Lua não pôde contar essa história ao pequeno que já muito sofria. Então, quando em outra noite ele apareceu à janela , a Lua inventou:
"Menino, carinho meu, descobri do canário e das paragens por onde descansa. Pediu-lhe desculpas por não ter dito que num sonho se vai longe. É que sem perceber, dormindo, afastou-se deste lar, mas vive em outro feliz e até fez família por lá. Se quiser muito, ele volta. Deixa filhotes e ninho e por amar tanto este menino, não se importaria de voltar."
E o menino sorriu pensando em seu amigo, que vivera aprisionado e agora era contente.
"Não, senhora Lua, diga-lhe que fique, não há o que perdoar. Senti saudades, mas agora entendo; senti raiva, e me envergonho. Esse pássaro não me pertencia. Era do mundo e eu não sabia. Tinha sua própria história a viver. Mande-lhe apenas mais um recado, sem querer abusar. Que seja feliz, como eu fui quando me ensinou a cantar."
Dizem que a Lua ainda estremece ao recordar, porque naquele instante, de dentro da terra dormente, ergueu-se um trinado de dor. Não era a morte, era a vida, que respondia ao menino, no seu gorjeio de amor.
(*Aceito sugestões. Na verdade, preciso delas, porque o que me saiu, "O Menino a Lua e o Canarinho", pareceu-me assustadoramente pobre; pobre de marré, marré, marré...)
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